domingo, 10 de fevereiro de 2008

Já nasci


Dei-me conta hoje de manhã que estou velho.
Minha barba, meus pelos em geral, afastei minha cueca e fiquei até feliz por isso.
Olhei pro lado, vi uma garota loira, legal, parece que foi ontem que eu implorava para as garotinhas de aparelhos nos dentes, um beijo, ou que passava bilhetinhos de namoro.

- Você já está de pé, gostosão – me falou aquela criatura da qual nem sei o nome.
- Não, não.Sou sonâmbulo – respondo, o mais irônico possível.

Quero mais que essa figura se arranque da minha casa, alias nem sei porque cargas d’água ela ta aqui, quer dizer eu sei, mas não sei porque aqui.

- Escuta...O...
- Vanessa. – Me interrompe com raiva notando que nem sei seu nome.
- É pode ser.Eu tenho algumas pendências pra resolver hoje, e estou um pouco atrasado.

Sabe como é, depois que crescemos, ficamos bonitos, ricos, incrivelmente a libido delas fica muito mais propicia a nós. Não é curioso?

- Eu posso te esperar aqui.
- Tu só podes estar louca!Acha de fato que eu vou te deixar sozinha no meu Ap?Eu nem sei teu nome.Faz assim, eu não to a fim de ser educado hoje, veste tua calcinha fio dental, pega essa tua saia, e te some daqui.
- Seu grosso. – como se eu não soubesse.
- Ta, eu sou o que tu quiser, agora sai.

Ela saiu, um tanto quanto irritada, triste, sei lá, o que aquela criatura pensava, só sei que quando ela bateu a porta com força, me deu uma vontade de matar ela.
No que aquela criatura saiu, eu fui até a cozinha, parei na frente do micro - ondas, coçando a bunda com uma mão e a cara com a outra.
Apanhei o café do micro – ondas, sentei-me no sofá da sala, me dando conta que tudo tinha mudado, não era mais minha mãe que trazia o meu café, que minas cuecas eram maiores, e que a barba que eu tanto queria ter, hoje, eu implorava para não ter que fazer (eu odeio fazer a barba), e isso, me assustou, assim como quando alguém morre, às vezes demoramos dias, semanas, talvez até meses, para cair à fixa.Sim, reconheço que eu estou um pouco lento no meu raciocínio, mas assim como ninguém lembra de respirar, é intuitivo, ninguém lembra “De lembrar” que cresceu, que tudo mudou.
Não mando mais bilhetinhos de namoro.


3 comentários:

Unknown disse...

Escreve muito bem Thalles.
As vezes tbm penso que escrever é melhor que sair falando o que pensamos neh,nem todos concordam
nem tudo é como agnte quer que seja,nem como agnte sonha

adoro tu
muito

;*

Anônimo disse...

ah
tadinha da guria po
num gostei! ¬¬

Anônimo disse...

Olá, muito bonito e criativo a ordem que você expôs a realidade da humanidade.
A meu ver você também fala com o coração.
Penso, eu que o CORAÇÃO é mais sábio que o INTELECTO.
Com Carinho,

Lunna