sábado, 1 de agosto de 2009

Return to innocence

- Puta merda! – disse ele ao ouvir o telefone tocar às três e meia da manhã.
- Alô! – saudou a alma sem compaixão pelo sono alheio.
- Eu vou ir! – falava aquela voz doce que ele á tempos não ouvira.
- Quê?
- Eu vou ir. Agora eu vou ir – dessa vez é verdade!
- És tu?
- Sim, sou! As coisas não deram certas e, eu acho que por mais que eu fuja, por mais que eu dê voltas, eu acabo sempre no mesmo ponto.

Então ele senta-se na cama e, desenvolve com os lábios um sorriso que em muitos anos não o fazia:

- Mas quando?
- A passagem foi marcada pra quarta. Chego à rodoviária às seis horas da manhã!
- Mas, mas... – Gagueja num conflito de perplexidade e felicidade.
- Sim, Amor, eu vou! Tu me buscas?
- Sim, claro. – Mas... Tu vens mesmo?
-Vou, dessa vez é pra valer!
- Vens passar quantos dias?
- Eu pretendo morar!

Silenciou por alguns instantes, olhou pro relógio.

- Se tu estás mais uma vez brincando comigo: Pare! Tu não tens esse direito!
- Não estou, Amor!Já disse. Eu vou e, pra ficar!
- Não acredito. – disse ele com um tom choroso, não de descrença.
- Pois é verdade, apenas me busque!
- Ok. Eu estarei lá!
- Certo. Bom ouvir tua voz. – Falou ela quebrando o tom eufórico.
- Sim, bom ouvir a tua também e, bom também saber que algo que faz muito tempo que eu quero ouvir: Que tu vens - vai ser consumado.
- Bom, liguei só pra te dar essa noticia e, pedir que vá até lá.
- Eu irei – Agora foi ele quem falou em tom eufórico.
- Combinado então. Até lá! Um beijo!
- Beijo. – Desligou o telefone e, se deitou na cama. Com as pernas abertas na cama, e os braços também; olhando para o teto.
Ele não conseguia acreditar, que algo que ele tanto esperou, o pegava de surpresa, num momento calmo. Que quando meses antes, ele esperou por essa noticia numa ansiedade sem fim.
Ela viria e, dessa vez pra ficar.
Deitado na cama, inerte, sem reação alguma, só com um sorriso que estampava sua face de lado a lado.
A abrupta vontade de ficar ali, parado, e esperar quarta feira chegar, e ir até aquela rodoviária, olhar naqueles olhos que ele sempre quis, dizer um oi tímido e começar uma coisa nova.
A vida mudou e, dessa vez pra melhor.