domingo, 28 de dezembro de 2008

"Com Açúcar com Afeto "


Procuro nas mesas dos bares da cidade baixa, exatamente aquilo que tu me negas.
Cato nos discos do Chico, nas letras do Tom ou nos sopros do Armstrong – teu carinho teu afago.
Dê-me sua boca, compreensão e quem sabe seus ouvidos?
Mais um bar, mais uma garota marcando meu corpo, cravando suas unhas nas minhas costas, contrapondo-se ao seu namorado – são só bares.
Digo não ao mendigo, e torro tudo em bebida.
Que a minha boemia não seja a tua desculpa, que o meu corpo marcado não seja teu álibi, que meus pés confusos perante as faixas da República não sejam pretexto ao nosso fim e inicio ao meu fim.
Bar com Gim, mulher e um amigo – casa com cachorro e feijão no saco.
Queimo os dedos todas as noites, quando me pego a pensar no que vai ser de nossas vidas.
Com o braço sobre o cotovelo e o cigarro estendendo a cinza sobre a minha comida – onde tu estás?
Todos me conhecem, me dizem olá – as moças do bar freqüente, já estão me esperando por lá.
Pois nós que tínhamos prometido, nos guardar para o carnaval – agora a culpa é minha – a tua nunca, isso é normal.
Só te peço que pela manhã, bata a porta com cautela, não pretendo acordar pra te ver indo e me deixando sozinho, num leito que eu só joguei fora.
Mas claro, se não for pedir de mais: Me deixe um café pronto, e não amasse as folhas do jornal.
Ps. : Te amo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Infância

Nunca lembrei de ti, mas nunca consegui te esquecer.
Sempre alimentei uma coisa que eu mesmo acreditava ser impossível.
E o tanto que achava impossível, um dia me dei conta, de que o que sentia era irreversível – mas eu consegui acalmar.
“Já conheci, muita gente...”.
Pra mim, sempre ficou um “lapso”, sempre ficou uma lacuna – sempre senti falta de algo.Acho que era tu.
Não sei como os poetas chamam, a sensação de temer agradar de mais, e a sensação de ser relapso de mais – mutuamente – certamente, um poeta diria Roma, ou algo assim.
Os meus bilhetinhos sempre tiveram um único endereço, e até mesmo, quando brigávamos Como Cães e Gatos – pra mim era especial.
Tão confuso, e tão bom – como pode durar tanto?Crescer junto – praticamente – e de uma forma abrupta, nos encontramos com cabeças diferentes, corpos diferentes, desejos e idéias diferentes...Mas eu torno a sentir a mesma vontade de ser “piá”.
Senti saudades, daquela garotinha de beiços emburrados, braços veementes pra frente e pra trás, e pós isso – um sorriso de “Ta, passou”.
Sinto medo de te mostrar isso, e receber uma reação de negativa tua – mas também tenho medo de não mostrar, e perder a oportunidade de ser o “empurrão” que falta.
Algumas poucas vezes, passei no portão daquela escola, e foi de ti que eu lembrei primeiro – das coisas boas que eu vivi do teu lado, das que me magoaram, e só me fizeram ter mais vontade.
Sabe o que é mais irônico nisso?É que eu sinto-me atraído por ti, até quando não sei que tu és tu – aquela garota sensual no ônibus!
Eu sinceramente, não sei o que eu ganhei além da felicidade imensurável de estar do teu lado de novo.Mas eu sei bem o que eu não quero – e é perder o que eu quero ganhar.