quarta-feira, 29 de abril de 2009

Inverno

O inverno chega de leve aqui em Porto Alegre – fingindo que deixa o outono mandar.
Fazendo uma troca sorrateira – de fresco com o abafado.
Em Abril, ele mente que vai deixar os casais unidos, as gargantas quentes com o conhaque e a redenção mais européia.

Mas então, chega Maio – e ele se importa com a fama – faz todos bagunçarem os armários, tirando casacos, cachecóis e cobertores – comprando lenha pro fogão e gengibre pra um quentão. Mas ele prega mais uma, vem com tal de Veranico, fazendo todo mundo deixar as cobertas à mão – porque o inverno é previsível.

Mas em Junho ele se apresenta – machuca os dedos e congela o nariz. A cidade baixa não fica tão cheia – e todos querem vinho com seu par.
Reunimos-nos na casa de amigos, com filmes do Allen, e ficamos divididos em opiniões entre ele e Almodóvar.

O inverno não é cruel como alguns o taxam – dormir com ela é bem mais perfeito no inverno – sentir seu corpo quente por debaixo das cobertas – não vivemos isso numa outra estação.

Tomara que eu alcance a ti nessa estação – já que a algumas te olho de canto, sem deixar que me vejas – quero nesse inverno uma taça de vinho tinto, um filme do Allen, uma manta por cima das pernas, e tu debaixo da manta!

domingo, 19 de abril de 2009

Fulcro D’alma

Luz forte, que entra pelas frestas da persiana
São meus cílios roçando no travesseiro e não me deixam dormir
Pensamentos em ti – que não me deixam sair daqui.
Obscuridades num quarto encoberto de fumaça.

Que faz teu sorriso em cada manhã,
Que desafia a minha loucura por cada anoitecer?
Tripudias da castidade neste leito sensual.
Com risadas sem pudor, achando a vida tão normal.

Que mal há, no prazer sem depois?
Que mal há, no agora sem prazer? – será que tu me entendes?
Triunfando sobre minha alma sem remédio
Dominando o meu corpo sem pensar.

Meu corpo marcado vira o teu relicário. – me fiz altruísta.
Depois de ti, eu vou!
Egoísta, não sou.
Depois de ti, eu vou!