sábado, 24 de janeiro de 2009

"Babe i'm Gonna Leave You"

Sempre que me encosto à porta do teu quarto, e vejo a luz do abajur deslizar no teu corpo semi-coberto, idealizo todas as coisas que irei te dizer quando tu acordares.
Prendo-me olhando ao vento que de leve entra pela janela, e descobre tuas costas nuas.
O jeito que abraças o travesseiro em busca do meu corpo – o jeito que teu corpo pede o meu.
Em pé na tua porta, basicamente nu – basicamente teu. E eu aqui, olhando a cena que eu atuava, as garrafas pelo chão, algumas estão cobertas pelas nossas roupas.
Mas não, não acorde – deixa eu te observar mais um pouco, me deixa ver como teus poros se ouriçam na confusão da minha respiração quente com o ar frio.
Todas as cores dos seus olhos confusas com as do teu cabelo, todas as notas do teu perfume com o meu, e tudo isso com a fumaça do meu cigarro.
Como é que se imortaliza uma cena?Como é que se ama alguém?
Eu acho que quero deitar do teu lado, e velar teu sono de perto.
Abraça-me ao deitar do teu lado – estou aqui? Será?
Por que eu sou assim? Tão canalha e tão ridículo.
Sempre querendo o que não posso, quem não devo e quem não quer.
Eu ando roto, e tu nem ligas. Gosto do teu corpo, das tuas tatuagens, dos teus lábios quase abertos.
Normal, levanto, me visto sorrateiramente – cuidando pra não te acordar –, eu não posso ficar aqui. Pego meu cigarro, as minhas chaves – ponho os fones nos ouvidos... “Babe i'm gonna leave you... E eu fui eu de novo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Quase


Naquele frio cortante de Porto Alegre, sentado num café da Cidade Baixa, com algo de Rousseau aberto na mesa e uma sensação hipnótica ao ver o movimento.
Mais um garotinho vendendo adesivos, homens pedindo um trocado – pareciam atraídos pelo aroma do café com whisky. Lembranças de coisas que leu por aí. Casais que juntos ouviam música, sentados na grama.
Tentar lembrar-se dela seria um bom começo de um texto pra ele, lembrar de uma noite interessante, alguma troca de afago ou simplesmente um briga que tenha acabado com isso. Mas ela nunca existiu, então voltar a concentrar-se no clima e nas coisas que o cercavam seria o mais propicio.
- Me dê um cointreau, por favor. – o café não alimenta mais, quando as coisas começam a perder o gosto.
Será que tanta serenidade faz bem?Será que ser tão passional é tão edificante assim?Será que por algum instante, as coisas não podem deixar de serem tão cobradas, e tão amargas – e que por alguns minutos, possa um ser desfrutar de sua bebida e esquecer toda sua desventura?
- Bobagem!Isso é tão utópico.
Tornando a pensar, chegamos à conclusão que os minutos de prazer de sentir o clima da cidade que tanto amo, ver os casais que eu tanto queria ser – são tão raros. Por quê?
Por que é sempre tão complexo?Tão avantajada à dor, e pior – sabendo que nem é um fato tão doloroso assim, mas ele insiste em doer mais do que o normal.
- Como é bom complicar as coisas – minha cabeça da um nó!
Mas no resumo da opera, é amar as coisas a melhor das coisas. Sentir o cheiro do café com whisky, o sabor do cointreau, observar um corpo extremamente sexual que passa na minha frente e interrompe meu raciocínio, e continuar com minha leitura na cidade que tanto amo. Ela é ela... Tanto faz se no verão ou em alguma meia-estação – continuar a reclamar de tudo é o forte do ser. Esta no âmago do ser- humano. Insatisfação, intolerância e irrelevantes por opção.
Mas tudo é prazeroso ao mesmo tempo – prazer em ler um texto, e achar brilhante aquilo – talvez até sentir inveja, de não ter sido sua própria idéia. Mas sentar-se, e tentar fazer algo brilhante, ou tão brilhante quanto o dela, pra que à noite tenham o que falar, e como se conhecer – brincar de escrever.
Nei Lisboa me entende.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Colchetes


Sabe o que é um dia sem razão?
Pois é, eu tenho tido vários dias sem razão. Tem amigos meus dizendo que eu preciso de uma namorada – mas pra eles, namorada é governanta – mas sabe, horas eu acredito que eu realmente precise de uma namorada – não de uma governanta – de fato uma namorada. Horas discordo. Mas numa coisa eu concordo, ando tendo falta de razão. Não não, eu não vou fazer desse blog um diário, só achei que minha situação daria uma bela história.
O caos em que vivemos dia-a-dia se tornou tão corriqueiro e normal, que se torna ínfimo ao nosso coração – o que é bom, seria pior se sofrêssemos. Mas eu não ando achando um sentido nas coisas. Pra que acordo e ganho dinheiro? Um salário tão baixo só pra mim?Pra que componho canções – algumas de amor. Mas os solos melódicos que eu fazia em um tempo retro – os mesmos saem sem inspiração. Então eu me pergunto, o que eu faço aqui?
Pois sim, já perdi todas as crenças em seres mediúnicos e deuses mirabolantes.
Será que a pessoa que eu procuro se perde entre folhagens e macegas?
Tempos atrás me mostraram na carne, que o romantismo não é tão funcional como eu pensava, e eu tenho consciência hoje, que machuquei muita gente já, por causa desse meu veredicto idiota.
A vida anda se resumindo a escrever, ler, beber, ler, escrever, dormir de vez em quando, e quem sabe ler um pouco. Note você, não há companhia, mas de certa forma, não há solidão – há vazio – e isso é muito doloroso.
Os comentários desse blog me deixam incrivelmente feliz, principalmente quando alguém “estranho” aparece aqui elogiando meu trabalho, e dizendo que sou bom – ainda bem que não me chamam de egocêntrico, a verdade dói. (rsrs). Pessoas bonitas e inteligentes andam cruzando meu caminho nesse espaço virtual, e espero que algumas delas, sejam à saída da minha pseudo-depressão.
Tenho cada dia que passa, tentado descobrir o real valor do sexo, e do “Eu te amo” – do sexo eu acho que já descobri. Mas o “eu te amo”... Esse é difícil, principalmente quando ele se junta ao sexo. Uma garotas disse, no meu ultimo post, que é bom quando eles se juntam – não com essas palavras respectivamente, mas foi isso – e eu digo, foi o comentário dela, que me fez escrever isso.É, dedicado a ela.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Vinte e Três

Triste mudo – doce tempo.
Velho dia – ao relento.
Corpo nu de criança.
Que me vale a esperança, sem ti?

Vem cá, me afaga os cabelos,
Mostra-me os teus desejos.
Deixa o pecado sucumbir – deixa.

Devagar, bem sutil,
Levanta calmamente – prepara o café.
Compra-me cigarros, faz amor comigo – quem me dera!

Olha só, é ela de novo.
Olha só, é samba em carne osso.
Poesia de adolescente, meu amor reincidente – transformo-te em realidade.

Te esperei voltar da praia,
Para que voltasses melhor,
E agora que chegaste,
Prometa-me não me deixar só