quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Loucura


O teu olhar é quase todo dia triste, e todo dia abusa da minha loucura.
Eu não sei como isso foi ocorrer, e deveras, não sei como eu fui permitir.A um certo tempo, coisas ocorreram em minha vida, e desde então eu não me permiti mais amar.
Depois disso tu deve ficar vangloriada, e não assustada.Como eu disse, eu não me permitia mais amar, eu não me permitia mais chorar olhando fotos, e muito menos ouvindo sons.
O que mais me intriga nisso tudo, é que eu, em um sentido figurado, grito quando não estou perto de ti. A cada passo que tu dá na direção contrária a minha, dói. A cada palavra que tu impõe que não é sobre o que tu sentas sobre mim, dói mais ainda.
Mas de novo, o mais engraçado disso tudo, é que eu confio cegamente em ti, eu confio que por nós, ou por um futuro que eu quero chamar de nós, vai ser minha.
Escuto baladas apenas pra lembrar de ti, e eu choro porque tu não és inteiramente minha.
Eu só queria que tu soubesses que eu confio em ti, acredito nas posteriores decisões que tu vai tomar pelo nosso “nós”, e acredito piamente que tudo isso ainda vai ser lembrado com rosto alisando rosto, pele com pele.

sábado, 25 de outubro de 2008

Promessa


Conversar, conversar...
Parece tão simples – talvez até seja.
Ando meio confuso em relação a pensamento, a pessoas.Pra ser sincero – pessoa, no singular.
Talvez eu esteja apaixonado, talvez eu ame alguém de novo, talvez eu só esteja carente.
Pensar em alguém por horas, pensar em alguém lendo Kafka?Que coisa sem fundamento.
O problema é o seguinte:
"Apaixonar-se por alguém pelo intermédio da poesia, é coisa muito séria – séria mesmo".
“É o fogo que arde sem se ver[...]”.
Trancafio-me no meu quarto, feito um adolescente idiota, mimado e sofrendo de uma crise existencial.Mas no fundo não é isso.A coisa é mais séria.
Confunde a cabeça de qualquer vivente, apaixonar-se pela árvore.Sim, metaforizando é isso.Eu não conheço a árvore, eu a vi – de passagem pra algum lugar.Como posso me apaixonar por alguém, da qual nem senti o perfume?Da qual nunca toquei.Nem sei se a textura dela vale!
No momento da conversa, facilito as coisas pra mim, idealizando um futuro.Meu erro.
Mas pra variar, meto os pés pelas mãos.Digo coisas as quais não devo, e o que devo eu não digo.
Penso em ir pra Las Vegas e começar a jogar vinte e um.Com toda certeza vou ficar milionário.Se o dito “Sorte no jogo, azar no amor” estiver certo – sim, vou ficar riquíssimo.
Um azarado, zero a esquerda, um urubu – eu diria – não nasci pro amor.Não nasci pra ninguém.
Por mais que eu queira alguém – e eu quero – parece que ninguém me compreende, e eu não compreendo ninguém, sabe?É uma incompatibilidade bem peculiar, só eu vejo as coisas assim.Passo por dramático, fresco.Agora criaram os emos.Daqui a pouco vão me chamar disso também.
Eu sei que quando essa pessoa fala, eu paro pra ouvir, paro para ler.
Meus amigos mudaram, alguns no sentido literal, outros no sentido amplo.
Mas todos mudaram, e eu não, ou talvez tenha mudado, e não aceito essa mudança.
Zaratustra poderia me ajudar – quem sabe?Ele tinha uma visão muito mais ampla das coisas.Mais ampla que a minha.
Eu acho que não sei o que quero. Mas sei exatamente o que não quero.
Eu quero o corpo dela, desfrutá-lo, beijá-lo.Mas quero também, um café da manhã no outro dia – a dois.
E talvez, eu até saiba o que eu quero.Só falta saber se o que eu quero, me quer.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Vento

O vento que sopra,
E carrega a folha da laranjeira,
Pro outro lado da rua.

O vento que me trouxe boas noticias.
Leva-me agora, uma coisa boa - preciosa.
Vais ser o mesmo vento que leva minha intenção até lá

“O amor é paixão por dentro e serenidade por fora”.–
Meu amigo me falou.

Meu amigo foi com o vento,
Deixou-me apenas um relento,
E uma boa parte de sua sabedoria.

Sei fechar um cigarro,
Sei escrever um poema.

O meu amigo não me deixou.
Foi pra longe, pra meu amigo -.
Continuar sendo.


Feito para Eduardo Stigger.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Anúncio


A casa, comida e a roupa lavada -.
Não bastaram – precisaste me apunhalar.
Não era necessário ir embora dizendo que irias voltar.
Eu só queria honestidade e, um pouco de afeição.

Dei-te carinho, respeito e atenção.
Velei teu sono e comprei tuas encrencas.
Fui teu amigo, quis ser teu sangue, e de repente teu namorado.

Ó meu amor, como eu fui tão fracassado?
Eu fui tão tolo – meu coração arruinado.

Faz tempo desde nossa separação,
Faz anos, que vivo com essa decepção.
Mas lá no fundo, ainda sinto algum amor.
Talvez carinho, ou, é só mesmo uma lembrança de dor.

És uma parte da minha vida, que eu queria esquecer.
Um trecho da minha história,
Que queria eu, poder apagar,
Voltar no tempo, e fazer nunca acontecer.

Mas eu estou de pé hoje – em mais um amanhecer.
Destinei-me hoje – quero um novo amor.
E isso passa de poesia; talvez seja algum clamor.
Uma forma desesperada de dizer que eu, preciso de amor.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Panorama

Estava olhando da minha sacada,
Como esse mundo é ínfimo.
Enquanto a fumaça do meu cigarro subia,
Dava uma sensação hipnótica - vaga.

Aquela gente abastada de nada,
E cheia de pompa.
Eu queria uma noite com aquela menina.
Que do nada a minha mente dominou.

Uma noite que eu estava na sacada,
Eu bebia meu gim tranqüilamente,
Ouvia Coltrane e rangia os dentes – era por ela.

Só sei que meu gim, John Coltrane e meu cigarro,
Não compensam a falta que ela me faz – desde aquela única noite.


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Gim

Vera, quando foi que eu esqueci?
Quando foi que amanheci – sem teu corpo ao meu lado?

Vera, o tempo passou,
O mundo girou, em prol do teu sorrir.
Vera, o que fazes tão risonha?Será que ainda não te deu por conta,
Que em nossas vidas não há do que rir.

Vera, cadê as flores dessa estação?
Sentimos frio, nem parece verão.
Teu corpo nu, eu acabei de despir.

Porque a vida não tem mais valor.
Porque a rosa já não tem mais cor.
E o teu gosto não é mais o mesmo.
Tinha teus cabelos entre os meus dedos.
Me diz como eu posso te sentir?