sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Quase


Naquele frio cortante de Porto Alegre, sentado num café da Cidade Baixa, com algo de Rousseau aberto na mesa e uma sensação hipnótica ao ver o movimento.
Mais um garotinho vendendo adesivos, homens pedindo um trocado – pareciam atraídos pelo aroma do café com whisky. Lembranças de coisas que leu por aí. Casais que juntos ouviam música, sentados na grama.
Tentar lembrar-se dela seria um bom começo de um texto pra ele, lembrar de uma noite interessante, alguma troca de afago ou simplesmente um briga que tenha acabado com isso. Mas ela nunca existiu, então voltar a concentrar-se no clima e nas coisas que o cercavam seria o mais propicio.
- Me dê um cointreau, por favor. – o café não alimenta mais, quando as coisas começam a perder o gosto.
Será que tanta serenidade faz bem?Será que ser tão passional é tão edificante assim?Será que por algum instante, as coisas não podem deixar de serem tão cobradas, e tão amargas – e que por alguns minutos, possa um ser desfrutar de sua bebida e esquecer toda sua desventura?
- Bobagem!Isso é tão utópico.
Tornando a pensar, chegamos à conclusão que os minutos de prazer de sentir o clima da cidade que tanto amo, ver os casais que eu tanto queria ser – são tão raros. Por quê?
Por que é sempre tão complexo?Tão avantajada à dor, e pior – sabendo que nem é um fato tão doloroso assim, mas ele insiste em doer mais do que o normal.
- Como é bom complicar as coisas – minha cabeça da um nó!
Mas no resumo da opera, é amar as coisas a melhor das coisas. Sentir o cheiro do café com whisky, o sabor do cointreau, observar um corpo extremamente sexual que passa na minha frente e interrompe meu raciocínio, e continuar com minha leitura na cidade que tanto amo. Ela é ela... Tanto faz se no verão ou em alguma meia-estação – continuar a reclamar de tudo é o forte do ser. Esta no âmago do ser- humano. Insatisfação, intolerância e irrelevantes por opção.
Mas tudo é prazeroso ao mesmo tempo – prazer em ler um texto, e achar brilhante aquilo – talvez até sentir inveja, de não ter sido sua própria idéia. Mas sentar-se, e tentar fazer algo brilhante, ou tão brilhante quanto o dela, pra que à noite tenham o que falar, e como se conhecer – brincar de escrever.
Nei Lisboa me entende.

5 comentários:

Roberta Albano disse...

se reclamar é certo então acho que vou pro céu!
XD
acho que você está certo nas afirmações que fez no texto, e isso é tudo que posso dizer

Anônimo disse...

Saudades de Porto, e eu morava aí na Cidade Baixa inclusive...
Tenho uma espécie de amor pela cidade mesmo, e quem me ensinou a ama-la ainda mais foi Mário Quintana, depois de um trabalho de escola em que conheci um pouco mais da sua história.

Gostei muito do texto, e acho que complicar as coisas é normal pra esses malucos que tentam escrever :)

Anônimo disse...

antes de comentar a obra, comentarei um comentário.

"complicar as coisas é normal pra esses malucos que tentam escrever"

...ou seriam mesmo complicadas as coisas, e somente esses malucos assim conseguem enxergar?
ou nem mesmo malucos seriam esses escritores; apenas exemplares da minoria com o nó-no-cérebro?

a tal Consciência... que sempre possui um preço aparentemente injusto, e cobrado nos momentos mais inadequados. a dor nem sempre se justifica; acho que isso acaba incomodando mais que qualquer coisa...

Unknown disse...

PRAZER MESMO MEU AMOR..É LER O QUE TU ESCREVE!!!!
ME ENTENDI..DEPOIS QUE LI ESTE TEXTO!!!
MARAVILHOSO!!!!
É MUITO INTELIGENTE!!COMO SEMPRE EM TUDO QUE FAZES!!!

Anônimo disse...

Filhotinho da minha vida, ta muito legal teu blog, cada dia melhor, parabenz.