sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Infância

Nunca lembrei de ti, mas nunca consegui te esquecer.
Sempre alimentei uma coisa que eu mesmo acreditava ser impossível.
E o tanto que achava impossível, um dia me dei conta, de que o que sentia era irreversível – mas eu consegui acalmar.
“Já conheci, muita gente...”.
Pra mim, sempre ficou um “lapso”, sempre ficou uma lacuna – sempre senti falta de algo.Acho que era tu.
Não sei como os poetas chamam, a sensação de temer agradar de mais, e a sensação de ser relapso de mais – mutuamente – certamente, um poeta diria Roma, ou algo assim.
Os meus bilhetinhos sempre tiveram um único endereço, e até mesmo, quando brigávamos Como Cães e Gatos – pra mim era especial.
Tão confuso, e tão bom – como pode durar tanto?Crescer junto – praticamente – e de uma forma abrupta, nos encontramos com cabeças diferentes, corpos diferentes, desejos e idéias diferentes...Mas eu torno a sentir a mesma vontade de ser “piá”.
Senti saudades, daquela garotinha de beiços emburrados, braços veementes pra frente e pra trás, e pós isso – um sorriso de “Ta, passou”.
Sinto medo de te mostrar isso, e receber uma reação de negativa tua – mas também tenho medo de não mostrar, e perder a oportunidade de ser o “empurrão” que falta.
Algumas poucas vezes, passei no portão daquela escola, e foi de ti que eu lembrei primeiro – das coisas boas que eu vivi do teu lado, das que me magoaram, e só me fizeram ter mais vontade.
Sabe o que é mais irônico nisso?É que eu sinto-me atraído por ti, até quando não sei que tu és tu – aquela garota sensual no ônibus!
Eu sinceramente, não sei o que eu ganhei além da felicidade imensurável de estar do teu lado de novo.Mas eu sei bem o que eu não quero – e é perder o que eu quero ganhar.

Um comentário:

Ivy Saruzi disse...

Tem coisas que se fossem planejadas não teria o mesmo gosto doce e amargo...
Talvez se tu quizesse realmente saber quem era, tu não tivesses uma surpresa tão agradável, talvez se tu a tivesse o sentimento não seria o mesmo e a vontade morreria.
Tu preferes a lembrança feliz e entusiasmante, o calafrio na barriga, ou a possibilidade de um rompimento traumatizante nos teus próprios sentimentos? Responda a si.